A vida é um interminável processo de descamação. Vamos trocando de pele a cada movimento em falso, a cada tombo. A pele, inicialmente suave, vai ficando áspera, grossa, maculada. Calejada, à medida que é exigida, friccionada, sangrada. Surgem então as cicatrizes. E assim, contando-as, vamos nos descobrindo. Há muitas camadas, tantas quantas precisamos para mudar, evoluir, deixá-la, no final da história. Somos alma tímida, perdida sob tantos cobertores, ciente do imenso frio que faz lá fora. Em seu exílio em nós, alma e pele, pele e alma, trespassadas ambas, nos representam. Com o vazar da vida, uma cede à outra significado. A pele é o caderno de rascunho da alma.
Marcio Leite
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