O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, disseram nesta segunda, 23, que iniciaram as negociações para estabelecer uma unidade de valor comercial e financeira entre os dois países, não substituindo suas moedas locais, o que muitos andam falando por aí. As transações seriam feitas por um Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), visando diminuir os obstáculos.
A ideia de uma moeda comercial única não vem de hoje. O debate ocorre há décadas, tendo como objetivo integrar a América Latina, mas acaba sempre sendo arquivadas por nunca existe uma coesão de ideias entre os países membros. Uma moeda única precisa de estruturas e instituições políticas compartilhadas que parece utópico, afinal, não conseguimos passar uma década sem ao menos termos uma crise política no continente e os países têm situações econômicas distintas. A Argentina luta contra a inflação a décadas, enquanto nós temos uma situação financeira bem mais tranquila e equilibrada.
Os países emergentes encontram dificuldades de obter dólar, a explicação fica para um próximo artigo, e esta é a raiz dos problemas inflacionários enfrentados por esses países. Então este é o motivo para a tentativa de criação de uma moeda comercial comum. A Rússia tem adotado uma atitude parecida, de transações internacionais sem utilizar dólar, após a guerra com a Ucrânia, bem como alguns países do Oriente Médio estão fazendo transações em moeda que não é o dólar. São pequenos passos rebeldes ao que ficou acordado em Bretton Woods em 1944. Ao que tudo indica, a hegemonia EUA/dólar está sendo colocado a prova.
Eliberto Diniz de Menezes. Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Pós Graduação em Gestão Pública.
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