Economia e Política em Foco. Beto Menezes escreve: Por que o dólar (câmbio) causa inflação?


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Viver com uma inflação alta faz parte do cotidiano da América Latina, bem como alguns outros países emergentes. Hoje estamos em uma situação tranquila, mas desde o final da década de 1940 que convivemos com o fenômeno, sendo que do final dos anos 70 até o início dos anos 90 vivíamos períodos terríveis, com preços subindo nas gôndolas do mercado diariamente.

No fim da Segunda Guerra Mundial, a economia mundial estava toda colapsada. Os EUA se mantiveram praticamente intactos, então o dólar passou a ser moeda de reserva mundial, ancorada à conversibilidade ao ouro (extinta na década de 70) e na confiabilidade dos Títulos do Tesouro Americano (eles nunca deram calote). Esse é o principal motivo. O outro é que os países membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aceitam dólares como unidade de conta. Logo, direta ou indiretamente, os preços de todos os produtos estão atrelados ao dólar. Você não come dólar, mas come pão; pão é trigo, trigo é dólar!

Cada país tem sua moeda nacional. No entanto, para comercializar com outros países, é preciso ter “dólares em conta”. Se eu consigo vender (leia-se exportar) mais do que compra (leia-se importar), minha conta corrente fica positiva. Só que, por diversos fatores, isso não ocorre. A maioria dos países emergentes tem a conta externa deficitária em dólar e para conseguir a moeda no mercado, é preciso oferecer juros atraentes. Se o governo tem um histórico de calotes ou gasta muito mais do que arrecada, a taxa que ele precisa oferecer para obter esses dólares tem que ser maior. Essa é a causa principal da inflação da América Latina. O Brasil conseguiu aproveitar a bonança do início dos anos 2000 e fez um “colchão” de reservas em dólar, o que nos garante uma inflação controlada. Nossos irmãos da Argentina não tiveram essa sorte, e a inflação por lá é galopante. A ideia por trás de uma moeda única comercial vem da necessidade de conseguir respirar sem a máscara controladora yankee.

         Eliberto Diniz de Menezes. Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Pós Graduação em Gestão Pública.


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Glauber Gomes

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