A saída do CEO Sergio Rial, 9 dias após assumir o cargo, trouxe à tona o que pode ser considerado, até o momento, como a maior fraude coorporativa brasileira, as Lojas Americanas, ao divulgar uma inconsistência contábil na ordem de R$20 bilhões de reais. A varejista, com quase 100 anos, é gerida pelo grupo 3G Capital, capitaneada por Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil, e seus sócios Carlos Sicupira e Marcel Telles.
A empresa “trocou” obrigações de pagamentos com fornecedores por empréstimos com bancos. Até aí nada de mais, uma prática comum no mercado varejista. O problema é que durante anos ela não contabilizou os custos financeiros associados a esses empréstimos. Isso significa que os lucros e as margens eram bem menores do que os balanços mostravam, enquanto a dívida era muito maior do que parecia.
Por mais que a imprensa e o mercado tenham sido simpáticos ao fracasso enfrentado pelos três homens mais ricos do país, a situação das Americanas evidencia uma fralde ocultada pelos executivos com o propósito de melhorar seus balanços e se valorizar no mercado. Lemann, celebrado como exemplo do “capitalismo do bem”, com diversas ações ligados a filantropia, mostra sua verdadeira natureza. Segundo documentos públicos fornecidos pela empresa para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), diretores da empresa venderam R$241 milhões em ações entre julho e outubro de 2022, indicando vazamento de informações. O escândalo não se trata de um rombo recente, mas construído ano a ano há mais de décadas, tudo parte de um plano engendrado para lucrar às custas de todo o mercado financeiro e sair ileso, com bens blindados no Exterior. Ao que tudo indica, é mais fácil corromper do que gerir.
Eliberto Diniz de Menezes. Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Pós Graduação em Gestão Pública.
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